2  O produto externo

2.1 Vetores em \(\mathbb{R}^2\)

  • Por enquanto, vamos trabalhar no espaço vetorial \(\mathbb{R}^2\).

  • Os elementos de \(\mathbb{R}^2\) são vetores com duas coordenadas; por exemplo:

    \[ \begin{array}{l} \mathbf{v} = (\frac12, 1)\\ \mathbf{w} = \left( -3, \frac{\sqrt{2}}{2} \right) \end{array} \]

    Notação: vetores em negrito

    Você deve estar acostumado a escrever nomes de vetores como \(\vec v\), \(\vec w\) etc.

    Neste livro, como na maioria dos livros sobre álgebra geométrica, nomes de vetores serão escritos em negrito: \(\mathbf{v}\), \(\mathbf{w}\).

  • Usando a base canônica de \(\mathbb{R}^2\), com \(\mathbf{e}_{1} = (1, 0)\) e \(\mathbf{e}_{2} = (0, 1)\), os vetores do exemplo acima podem ser escritos como

    \[ \begin{array}{l} \mathbf{v} = \frac12\mathbf{e}_{1} + \mathbf{e}_{2}\\ \mathbf{w} = -3 \mathbf{e}_{1} + \frac{\sqrt{2}}{2}\mathbf{e}_{2} \end{array} \]

  • Tecnicamente, estamos escrevendo cada vetor como uma combinação linear dos vetores da base \(\{ \mathbf{e}_{1}, \mathbf{e}_{2} \}\). Veja a Figura 2.1.

    Vetores da base canônica.

    Notação: vetores como combinações lineares dos vetores da base

    Como na maioria dos livros sobre álgebra geométrica, em vez de escrevermos \[ \mathbf{v} = (x, y) \] vamos escrever \[ \mathbf{v} = x\mathbf{e}_{1} + y\mathbf{e}_{2} \]

    Se uma das coordenadas for zero, podemos omitir o vetor da base correspondente. Por exemplo, vamos escrever o vetor \[ \mathbf{u} = (0, 3) \] como \[ \mathbf{u} = 3\mathbf{e}_{2} \]

  • Para acompanhar o restante deste capítulo, você deve revisar os seguintes tópicos sobre vetores, especialmente em \(\mathbb{R}^2\) e em \(\mathbb{R}^3\):

    • Adição de vetores,
    • Multiplicação de vetor por escalar (nossos escalares vão ser números reais),
    • Vetor nulo,
    • Vetor inverso (para a adição),
    • Dependência e independência linear,
    • Módulo (norma) de um vetor,
    • Produto vetorial,
    • Subespaços vetoriais.

2.2 Retas orientadas em \(\mathbb{R}^2\)

  • Por enquanto, só temos vetores.

  • Cada vetor (diferente de \(\mathbf{0}\), o vetor nulo) indica uma direção.

  • Mas apenas uma direção não basta para definir uma reta. Por exemplo, todas as retas da Figura 2.2 têm a mesma direção: a direção dada pelo vetor \(\mathbf{v} = \mathbf{e}_{1} + 2\mathbf{e}_{2}\).

    Retas e vetores paralelos.

  • Vamos combinar que todas as nossas retas de interesse passam pela origem — ou seja, pelo ponto \(O=(0,0)\).

  • Fazendo isto, cada vetor determina uma única reta.

  • Chamamos as retas que passam pela origem de retas homogêneas. Na Figura 2.2, só há uma reta homogênea (a reta \(r\)).

  • Mas, além de uma direção, um vetor tem também um sentido.

  • Na Figura 2.2, o vetor \(\mathbf{w} = -\mathbf{e}_{1} - 2\mathbf{e}_{2}\) tem a mesma direção da reta \(r\), mas seu sentido é oposto ao sentido do vetor \(\mathbf{v}\).

  • Então, qual dos dois vetores \(\mathbf{v}\) e \(\mathbf{w}\) representa a reta \(r\)?

  • Vamos decidir esta questão do seguinte modo: nossas retas também vão ter um sentido. Ou seja, vamos trabalhar com retas orientadas.

  • Na Figura 2.2, então, os vetores \(\mathbf{v}\) e \(\mathbf{w}\) representam duas retas \(r\) e \(r'\), ambas com a mesma direção, mas com sentidos opostos.

  • Mas, além de direção e sentido, um vetor também tem um comprimento (ou magnitude, ou módulo, ou norma).

  • Na Figura 2.3, os \(3\) vetores \(\mathbf{v}_1, \mathbf{v}_2\) e \(\mathbf{v}_3\) têm a mesma direção e sentido que a reta \(r\).

    Retas e vetores paralelos, com módulos diferentes.

  • De novo, vamos combinar que cada um destes vetores define uma reta diferente, todas as retas com a mesma direção e sentido, mas cada reta com uma magnitude (ou peso) diferente.

  • Você pode imaginar o peso de uma reta como a velocidade com que um ponto percorre a reta, ou como a velocidade com que a reta avança na direção e no sentido especificados pelo vetor.

    Resumindo: vetores \(=\) retas homogêneas orientadas e com peso

    Um vetor \(\mathbf{v} = a\mathbf{e}_{1} + b\mathbf{e}_{2}\) (com \(a, b \in \mathbb{R}\), e com pelo menos um dentre \(a\) e \(b\) diferente de zero) representa uma reta homogênea orientada, com a direção e o sentido de \(\mathbf{v}\), e com peso igual à norma de \(\mathbf{v}\): \[ ||\mathbf{v}|| = \sqrt{a^2 + b^2} \]

2.3 Bivetores em \(\mathbb{R}^2\)

2.3.1 Definição e exemplos

  • Acabamos de ver que vetores em \(\mathbb{R}^2\) correspondem a comprimentos orientados.

  • Agora, vamos definir objetos em \(\mathbb{R}^2\) que correspondem a áreas orientadas.

  • Uma área orientada vai ser construída a partir de dois vetores linearmente independentes (isto é, não paralelos).

  • Por exemplo, a Figura 2.4 mostra a área orientada definida pelos vetores \(\mathbf{v} = \mathbf{e}_{1} + 2\mathbf{e}_{2}\) e \(\mathbf{w} = 3\mathbf{e}_{1} + \mathbf{e}_{2}\) (nesta ordem). A orientação, indicada na figura pelo círculo com os raios, é no sentido horário.

  • A orientação depende da ordem dos vetores. A Figura 2.5 mostra a área orientada definida pelos mesmos vetores \(\mathbf{w} = 3\mathbf{e}_{1} + \mathbf{e}_{2}\) e \(\mathbf{v} = \mathbf{e}_{1} + 2\mathbf{e}_{2}\), na ordem inversa da Figura 2.4. A orientação, agora, é no sentido anti-horário.

    Área orientada.

    Área orientada.

  • Estas áreas orientadas são chamadas bivetores.

  • Um bivetor em \(\mathbb{R}^2\) tem, além da orientação, um peso. O valor absoluto do peso é a área correspondente ao bivetor — isto é, a área do paralelogramo definido pelos vetores.

  • A área do paralelogramo definido pelos vetores \(\mathbf{v}\) e \(\mathbf{w}\) é

    \[ ||\mathbf{v}||\, ||\mathbf{w}|| \,\text{sen}\,\theta \]

    onde \(\theta\) é o ângulo entre \(\mathbf{v}\) e \(\mathbf{w}\).

  • Esta área também pode ser calculada através de um determinante específico, usado no cálculo do produto vetorial \(\mathbf{v} \times \mathbf{w}\). Você vai relembrar isto no exercício ???.

  • No exemplo da Figura 2.4, o peso do bivetor é \(-5\), se convencionarmos que a orientação no sentido horário corresponde a áreas negativas.

  • No exemplo da Figura 2.5, o peso do bivetor é \(5\), se convencionarmos que a orientação no sentido anti-horário corresponde a áreas positivas.

  • Em \(\mathbb{R}^2\), a atitude (ou direção) de todo bivetor é a mesma, pois todos os bivetores estão no mesmo plano.

  • Então, assim como fizemos com os vetores (que associamos a retas orientadas e com peso na Seção 2.2), vamos associar a cada bivetor um plano (ou uma parte do plano) orientado e com peso.

  • A forma e a posição da área correspondente a um bivetor não são importantes. As figuras mostram paralelogramos, mas os mesmos bivetores poderiam ser mostrados como círculos, triângulos etc. com a mesma área, em qualquer posição do plano.

  • As figuras parecem diferenciar o plano (que é infinito) e bivetores (que têm, associados a eles, áreas finitas). Mais adiante, vamos ver que, em algumas aplicações, podemos interpretar um bivetor como representando o plano no qual ele está contido; em outras aplicações, podemos interpretar um bivetor como uma porção finita do plano.

    Resumindo: bivetores \(=\) áreas orientadas e com peso

    Um bivetor definido pelos vetores \(\mathbf{v}\) e \(\mathbf{w}\) representa uma área orientada e com peso no plano que contém \(\mathbf{v}\) e \(\mathbf{w}\).

    O valor absoluto do peso do bivetor é dado por

    \[ ||\mathbf{v}||\, ||\mathbf{w}|| \,\text{sen}\,\theta \]

    onde \(\theta\) é o ângulo entre \(\mathbf{v}\) e \(\mathbf{w}\).

    O sinal do peso depende da orientação do bivetor, segundo a convenção adotada.

2.3.2 Adição de bivetores

  • Em \(\mathbb{R}^2\), assim como podemos somar vetores, também podemos somar bivetores.

  • O resultado vai ser um bivetor.

  • Como exemplo, considere o bivetor \(\mathbf{A}\) definido pelos vetores \(\mathbf{v} = \mathbf{e}_{1} + 2\mathbf{e}_{2}\) e \(\mathbf{w} = 3\mathbf{e}_{1} + \mathbf{e}_{2}\), nesta ordem.

  • Considere também o bivetor \(\mathbf{B}\) definido pelos vetores ???

2.4 O produto externo

2.5 O espaço vetorial \(G(2)\)

2.6 Vetores e retas em \(\mathbb{R}^3\)

  • Agora, vamos trabalhar em \(\mathbb{R}^3\).

  • Tudo que falamos acima sobre vetores e retas em \(\mathbb{R}^2\) se aplica a vetores e retas em \(\mathbb{R}^3\), com as seguintes alterações:

    • A base canônica agora é \(\{ \mathbf{e}_{1}, \mathbf{e}_{2}, \mathbf{e}_{3} \}\), onde os vetores correspondem aos eixos \(x\), \(y\) e \(z\), respectivamente.

    • Logo, um vetor em \(\mathbb{R}^3\) é escrito como \(\mathbf{v} = x\mathbf{e}_{1} + y\mathbf{e}_{2} + z\mathbf{e}_{3}\), com \(x, y, z \in \mathbb{R}\).

    • Cada vetor \(\mathbf{v} = a\mathbf{e}_{1} + b\mathbf{e}_{2} + c\mathbf{e}_{3}\) (com \(a, b, c \in \mathbb{R}\), e com pelo menos um dentre \(a\), \(b\) e \(c\) diferente de zero) representa uma reta homogênea orientada, com a direção e o sentido de \(\mathbf{v}\), e com peso igual à norma de \(\mathbf{v}\): \[ ||\mathbf{v}|| = \sqrt{a^2 + b^2 + c^2} \]

  • A Figura 2.6 mostra um exemplo.

    Reta e vetor em R3.

2.7 Trivetores e paralelepípedos em \(\mathbb{R}^3\)

2.8 O espaço vetorial \(G(3)\)

2.9 Representando objetos geométricos

2.10 Resolvendo problemas

2.11 Resumo

2.12 Exercícios